Amanhã se inicia a primeira série de webinars em apoio ao Plano de Ação da Sociedade Civil 2017-2021: Prevenindo a Obesidade Infantil no Caribe.
A série destacará políticas que encorajam a criação de ambientes alimentares mais saudáveis, incluindo políticas escolares saudáveis, advertências em embalagens e tributação sobre bebidas açucaradas. A série também visa a promoção da atividade física entre crianças e adolescentes por meio da criação de comunidades mais ativas.
Os webinars mostrarão as experiências e lições aprendidas dos diversos atores envolvidos com a prevenção da obesidade e destacarão as boas práticas na elaboração, implementação, monitoramento e avaliação de políticas destinadas a reduzir a obesidade e o sobrepeso infantis.
O levantamento que fiz na cidade de Campinas revelou que 32% das crianças entre 5 e 9 anos de idade tem sobrepeso ou obesidade na região sul da cidade.
O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. Tal fenômeno é mundial e está relacionado a fatores genéticos, metabólicos, sociais, econômicos e ambientais. Globalmente, 2,8 milhões de pessoas morrem a cada ano como conseqüência de sobrepeso ou obesidade.
Os custos econômicos com obesidade têm aumentado significativamente nos últimos anos, tanto para os sistemas de saúde (custos diretos) como pela perda da produtividade e qualidade de vida (custos indiretos) dos indivíduos e suas famílias, impactando igualmente a Previdência Social e o ambiente corporativo.
No Brasil, o Ministério da Saúde mostra que uma em cada cinco pessoas é obesa. Apesar da obesidade ter causa multifatorial, alguns dados alarmantes podem piorar este cenário:
Apesar do protagonismo brasileiro com a criação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) ter sido reconhecido internacionalmente em 2016 pelo renomado painel The Global Nutrition Report Stakeholder Group, o governo federal o extinguiu com a Medida Provisória n.870 de janeiro de 2019. A Comissão EAT-Lancet on Food, Planet, Health reúne mais de 30 cientistas líderes mundiais de todo o mundo para chegar a um consenso científico que define uma dieta saudável e sustentável. Na contramão de inúmeras iniciativas globais a exemplo da Comissão EAT-Lancet on Food, Planet, Health e da Healthy Caribbean Coalition, o Brasil está deixando para trás os êxitos já alcançados em matéria de segurança alimentar, sobretudo com o uso e concessão desenfreados de agrotóxicos e com uma economia centrada em commodities do setor agropecuário.
Já que não há sinais de um olhar público atento a estes dados alarmantes, faço um convite aos médicos, ao meio acadêmico, aos atores não-estatais e à sociedade civil para desenvolvermos iniciativas nacionais e locais na elaboração, implementação, monitoramento e avaliação de medidas destinadas a reduzir a obesidade infantil, incluindo atenção aos determinantes sociais de saúde e aos desertos alimentares em nossos centros urbanos.
Atingir as metas acordadas para reduzir a insegurança alimentar e a mortalidade prematura por doenças crônicas em 25% até 2030, como parte da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, tem que ser o compromisso de cada um de nós.
Formada em Saúde Global e em Direitos Humanos em Genebra, abraça a causa da diversidade e da equidade de gênero.